“Em verdade, Carun era do povo de Moisés e o envergonhou. Havíamos-lhe concedido tantos tesouros, que as suas chaves constituíam uma carga para um grupo de homens robustos... Respondeu: Isto me foi concedido, devido a certo conhecimento que possuo! Porém, ignorava que Deus já havia exterminado tantas gerações, mais vigorosas e mais opulentas do que ele... Então se apresentou seu povo, com toda a sua pompa... E fizemo-lo ser tragado, juntamente com sua casa, pela terra...” (Alcorão 28: 76-82)
O faraó estava zangado. Seu reino de temor foi construído pela opressão do povo e mantendo seus corações e mentes cativos. Todo o povo do Egito, desde os ministros e mágicos até os servos e escravos mais baixos temiam o poder e raiva do faraó, mas Moisés tinha exposto um ponto fraco. O faraó estava preocupado que seu reino estivesse prestes a se acabar; entretanto, estava cercado por bajuladores e parasitas que o incentivaram a uma tirania maior.
Os oficiais de segurança e inteligência do faraó começaram a espalhar rumores. Disseram que Moisés e alguns mágicos tinham combinado secretamente que Moisés ganharia a competição. Os corpos sem vida dos mágicos assassinados estavam pendurados em lugares públicos para aterrorizarem ainda mais as pessoas. Devido à sua associação com Moisés, os filhos de Israel se tornaram bodes expiatórios. Reclamaram com Moisés que eram maltratados quando ele nasceu e que agora ele tinha feito com que fossem oprimidos novamente.
O faraó ordenou mais matança, pilhagem e estupros. Aprisionava qualquer um que reclamasse dessa opressão e Moisés estava impotente. Não podia interferir. Aconselhava paciência e observava em silêncio. Os filhos de Israel reclamavam com Moisés e ele ficou em uma situação muito difícil. Enquanto combatia os estratagemas e planos do faraó, seu povo estava se voltando contra ele e um dos seus trabalhava com os detentores de poder egípcios.
Carun era um homem dos filhos de Israel abençoado com fortuna e status, enquanto todos ao seu redor eram pobres e destituídos. Não reconhecia as bênçãos de Deus e tratava os pobres com desprezo. Quando Moisés o lembrou de que era seu dever, como alguém que adorava o Deus único, pagar o tributo dos pobres, ele recusou e começou a espalhar o rumor de que Moisés tinha inventado o tributo para ficar rico. A ira de Deus recaiu sobre Carun e a terra se abriu e o engoliu, como se ele nunca tivesse existido.
O faraó convocou Moisés ao palácio. Ibn Kathir narra que o faraó queria Moisés morto e que era apoiado por todos os seus ministros e oficiais, exceto um. Esse homem, que se acredita que seja um parente do faraó, era um crente na unicidade de Deus, embora até esse momento tivesse mantido essa crença em segredo.
“E um homem crente, da família do Faraó, que ocultava a sua fé, disse: Mataríeis um homem tão-somente porque diz: Meu Senhor é Deus, não obstante Ter-vos apresentado as evidências do vosso Senhor? Além do mais se for um impostor, a sua mentira recairá sobre ele; por outra, se for veraz, açoitar-vos-á algo daquilo com que ele vos ameaça.” (Alcorão 40:28)
O homem crente falou de maneira eloquente; alertou seu povo de que sofreriam um desastre como os que tinham afligido povos do passado. Relembrou-lhes que Deus tinha enviado sinais claros com Moisés, mas suas palavras não foram ouvidas. O faraó e muitos de seus ministros ameaçaram matar o crente, mas Deus o manteve a salvo, sob Sua proteção.
“E eis que Deus o preservou das conspirações que lhe haviam urdido, e o povo do Faraó sofreu o mais severo dos castigos!” (Alcorão 40:45)
Deus ordenou a Moisés que alertasse o faraó de que ele e os egípcios sofreriam uma punição severa, se os filhos de Israel não fossem libertados. Se a tortura, opressão e assédio não parassem, os sinais da ira de Deus recairiam sobre eles. A resposta do faraó foi chamar todo o povo do Egito, inclusive os filhos de Israel, para uma grande reunião. Informou-os de que ele era seu Senhor e destacou que Moisés não era nada além de um servo vil sem poder ou força. A força de Moisés, entretanto, vinha diretamente de Deus. Mas as pessoas acreditaram e obedeceram ao faraó: os sinais do poder de Deus começaram a descer.
Deus afligiu o Egito com uma grande seca. Até os vales do suntuoso, verde e fértil Nilo começaram a secar e morrer. As plantações morreram e o povo começou a sofrer, mas o faraó continuou arrogante e, portanto, Deus enviou uma enorme inundação para devastar a terra. As pessoas, inclusive os ministros-chefes, apelaram a Moisés.
“Ó Moisés, implora por nós, de teu Senhor, o que te prometeu; pois, se nos livrares do castigo, creremos em ti e deixaremos partir contigo os israelitas.” (Alcorão 7:134)
A terra voltou ao normal e as plantações começaram a crescer novamente, mas os filhos de Israel continuaram escravizados. Deus enviou uma praga de gafanhotos que devastou tudo em seu caminho. As pessoas correram para Moisés implorando sua ajuda. Os gafanhotos partiram, mas os filhos de Israel continuaram escravizados. Em seguida veio uma praga de piolhos, espalhando doença entre as pessoas, seguida de uma praga de sapos que assustavam e aterrorizavam as pessoas em suas casas e camas. Cada vez que as punições de Deus desciam, o povo implorava a Moisés que suplicasse a Deus por alívio e, a cada vez, prometiam libertar os filhos de Israel escravizados. Entretanto, não mantinham a promessa.
O sinal final da ira de Deus foi revelado e a água do rio Nilo se transformou em sangue. Para os filhos de Israel a água permaneceu pura e clara, mas para todos os outros parecia sangue espesso e vermelho. Mesmo após essa série de sinais devastadores do desagrado de Deus, os filhos de Israel continuaram escravizados.
“Já havíamos castigado o povo do Faraó com os anos (de seca) e a diminuição dos frutos, para que meditassem.
Porém, quando lhes chegava a prosperidade, diziam: Isto é por nós! Por outra, quando lhes ocorria uma desgraça, atribuíram-na ao mau augúrio de Moisés e daqueles que com ele estavam. Qual! Em verdade, o seu mau augúrio está com Deus. Porém, a sua maioria o ignora.
Disseram-lhe: Seja qual for o sinal que nos apresentares para fascinar-nos, jamais em ti creremos.
Então lhes enviamos as inundações, os gafanhotos, as lêndeas, os sapos e o sangue, como sinais evidentes; porém, ensoberbeceram-se, porque eram pecadores.
Mas quando vos açoitou o castigo, disseram: Ó Moisés, implora por nós, de teu Senhor, o que te prometeu; pois, se nos livrares do castigo, creremos em ti e deixaremos partir contigo os israelitas.
Porém, quando os livramos do castigo, adiando-o para o término prefixado, eis que perjuram!
Então, punimo-los, e os afogamos no mar por haverem desmentido e negligenciado os Nossos versículos.” (Alcorão 7:130-136)