“E quando Moisés cumpriu o término e viajava com a sua família, percebeu, ao longe, um fogo, ao lado do monte (Sinai) e disse à sua família: Aguardai aqui, porque vejo fogo. Quiçá vos diga do que se trata ou traga umas brasas para vos aquecerdes.” (Alcorão 28:29)
Moisés, que Deus o louve, casou com uma das mulheres que tinha inicialmente ajudado no poço, passou os próximos dez anos trabalhando com o pai dela e criou sua própria família. Sua nova vida era quieta e contemplativa e ele não tinha que suportar a intriga da corte egípcia ou a humilhação de seu povo, os filhos de Israel. Moisés era capaz de meditar sobre as maravilhas de Deus e o universo.
Qualquer relato da vida de Moisés é cheio de lições e orientação, para Moisés e a humanidade. Deus fez Moisés passar por experiências que o colocariam em vantagem em sua missão que estava por vir. Moisés tinha crescido na casa do faraó do Egito; consequentemente, estava bem ciente das políticas e intrigas do governo egípcio. Moisés também teve experiência em primeira mão com a corrupção do próprio faraó - o homem que tinha se declarado Deus.
Foi pela graça e misericórdia de Deus que Moisés foi capaz de escapar do Egito e viajar pelas terras. Foi capaz de experimentar outras culturas e povos. Viagens abrem horizontes e abrem corações e mentes para as diferenças e semelhanças entre os povos com histórias diversas. Deus diz:
“Ó humanos! Nós vos criamos de um homem e de uma mulher, e vos fizemos como nações e tribos, de modo que vos conheçais uns aos outros.” (Alcorão 49:13)
Durante sua estada em Madian, Moisés foi um pastor de ovelhas. O profeta Muhammad, que Deus o louve, nos informou que todos os profetas de Deus passaram algum tempo cuidando de rebanhos de ovelhas. Parece uma profissão estranha, mas analisando de forma mais cuidadosa, podemos ver que os pastores de ovelhas aprendem lições valiosas enquanto cuidam de seus rebanhos. Um pastor de ovelhas tem uma vida solitária e quieta; há tempo para reflexão e contemplação pessoal sobre as maravilhas da vida.
Entretanto, ao mesmo tempo um pastor de ovelhas deve estar constantemente em alerta para o perigo. As ovelhas em particular são animais fracos que exigem cuidados e atenção constantes. Se uma única ovelha se desgarrar da proteção do rebanho, torna-se presa fácil. Um profeta geralmente tem a função de proteger uma nação inteira e deve estar alerta e ciente de qualquer perigo que ameace seus seguidores, especialmente os fracos e oprimidos entre eles.
Depois de Moisés ter completado o termo de serviço que tinha prometido ao seu sogro, estava consumido pela saudade de casa. Começou a sentir falta de sua família e da terra do Egito. Embora temesse o que poderia acontecer se voltasse, experimentava um estranho desejo de voltar para a terra de seu nascimento. Moisés reuniu sua família e fez a longa jornada de volta ao Egito.
Enquanto Moisés voltava pelo deserto, acabou se perdendo. Era uma noite escura e fria. Moisés viu o que parecia ser uma figura queimando à distância. Disse à sua família para ficar onde estava. Tinha esperança de conseguir orientações ou ser capaz de trazer algum fogo para aquecer sua família. Sem saber, Moisés estava prestes a participar em uma das conversas mais surpreendentes da história. Caminhou em direção ao fogo e, à medida que o fazia, ouviu uma voz.
“Bendito seja Quem está dentro do fogo e nas suas circunvizinhanças, e glória a Deus, Senhor do Universo! Ó Moisés, Eu sou Deus, o Poderoso, o Prudentíssimo.” (Alcorão 27:8-9)
Deus falou a Moisés. Pediu a Moisés para remover seus sapatos para que pudesse ficar com o pés tocando o chão. Deus revelou a Moisés que ele tinha sido escolhido para uma missão especial e ordenou-lhe que ouvisse o que estava prestes a dizer.
“Sou Deus. Não há divindade além de Mim! Adora-Me, pois, e observa a oração, para celebrar o Meu nome, Porque a hora se aproxima - desejo conservá-la oculta, a fim de que toda a alma seja recompensada segundo o seu merecimento. Que não te seduza por aquele que não crê nela (a Hora) e se entrega à concupiscência, porque perecerás!” (Alcorão 20:14-16)
Em uma conversa direta entre Deus e Moisés, a oração foi prescrita a Moisés e seus seguidores. A oração também foi prescrita ao profeta Muhammad e seus seguidores de forma muito parecida na noite da viagem do profeta Muhammad a Jerusalém e ascensão aos céus.
Nesse momento Moisés deve ter ficado fascinado. Partiu para o Egito, seguindo uma estranha ânsia de voltar para sua terra natal. Tinha se perdido na escuridão e no frio e estava em busca de luz e orientação. Caminhou em direção ao que pensava que fosse um fogo queimando e encontrou a luz e orientação de Deus.
Moisés segurava um cajado em sua mão. Deus falou a ele e perguntou a Moisés o que era esse cajado. Moisés respondeu: “É o meu cajado, sobre o qual me apoio, e com o qual quebro a folhagem para o meu rebanho; e, ademais, serve-me para outros usos.” (Alcorão 20:18). Moisés conhecia seu cajado muito bem; sabia que não tinha qualidades milagrosas. Deus pediu a Moisés que jogasse o cajado ao chão e quando o fez, ele começou a serpentear e vibrar. O cajado tinha se transformado em uma cobra.
Moisés estava com medo; virou-se e começou a correr. É uma inclinação natural ter medo de coisas estranhas ou desconhecidas, mas Deus queria remover esse temor do coração de Moisés. Ele estava prestes a embarcar em uma missão difícil e era importante que começasse com total confiança de que Deus o protegeria, sabendo que não havia nenhuma razão para estar temeroso.
“Arroja teu cajado! E quando o viu agitar-se como uma serpente, virou-se em fuga, sem se voltar. (Foi-lhe dito): Ó Moisés, aproxima-te e não temas, porque és um dos que estão a salvo.” (Alcorão 28:31)
Deus instruiu Moisés a colocar sua mão sobre seu manto e revelou-lhe outro sinal de sua magnificência e onipotência. Sinais que Moisés precisaria em sua missão, prova para aqueles que eram desobedientes e rebeldes.
“Introduz a tua mão em teu manto e a retirarás diáfana, imaculada; e junta a tua mão ao teu flanco (o que te resguardará) contra o temor. Estes serão dois argumentos (irrefutáveis) do teu Senhor para o Faraó, e seus chefes, porque são depravados.” (Alcorão 28:32)
Deus pretendia enviar Moisés ao faraó. O homem que ele mais temia, o homem que Moisés achava que certamente o condenaria à morte. Seu coração se contraiu de medo, mas Deus o tranquilizou.