“Em suas histórias há um exemplo para os sensatos. É inconcebível que seja uma narrativa forjada, pois é a corroboração das anteriores, a elucidação de todas as coisas, orientação e misericórdia para os que crêem.” (Alcorão 12:111)
A condição humana está cheia de testes, tribulações e tremendas curvas de aprendizado. A vida é cheia de surpresas. Entretanto, lembrar-se de Deus e empenhar-se para agradá-Lo é a linha vital da humanidade. O Alcorão contém histórias inspirativas dos profetas e de homens e mulheres devotos. A vida de Moisés é discutida frequentemente e sua história nos ensina que Deus é misericordioso, confiável e generoso. Allah, o Perdoador, não nos deixou sozinhos; Ele nos proveu com Sua orientação e luz.
Através dessa série de artigos, aprendemos sobre a tremenda força de caráter de Moisés e sua habilidade de perseverar mesmo em circunstâncias terríveis. Moisés seguiu os mandamentos de Deus com valor e determinação e, além disso tudo, possuía um caráter de grande importância, o caráter de sinceridade. Moisés era sincero em todos os seus esforços. Não importa o que fizesse, agia com o propósito expresso de agradar a Deus. Quando a determinação é associada com sinceridade, o caráter de uma pessoa pode tornar-se extraordinário.
Durante os anos que os filhos de Israel vagaram pelo deserto incapazes de entrar na Terra Prometida, Moisés encontrou e passou tempo com Khidr. Um homem que a maioria dos sábios acredita que foi um profeta
Ibn Kathir narra que um dia alguém perguntou a Moisés: “Ó mensageiro de Deus, existe outro homem na terra mais erudito que tu?” Moisés respondeu: “Não!” Acreditando que como Deus tinha lhe permitido realizar milagres e lhe dado o Torá, com certeza devia ser o homem mais erudito vivo. Isso, entretanto, não era o caso. O encontro de Moisés com Khidr ensina a humanidade que nenhuma pessoa pode deter toda a informação disponível e que mesmo que pensemos que somos sábios e instruídos, a necessidade de buscar conhecimento nunca cessa. Quando Moisés soube da existência de Khidr, pediu para encontrá-lo.
Deus instruiu Moisés a pegar um peixe vivo em um contêiner. Quando o peixe desaparecesse, ele encontraria o homem que procurava. Moisés partiu em sua jornada, acompanhado por um rapaz que carregava o contêiner com o peixe. Chegaram a um lugar onde dois rios se encontravam e decidiram descansar. Instantaneamente Moisés caiu no sono. Enquanto estava dormindo, seu companheiro viu o peixe sair do recipiente para o rio e nadar para longe. Entretanto, esqueceu de avisar Moisés.
Quando Moisés acordou, continuaram sua jornada até que ficassem exaustos e com fome. Moisés pediu uma refeição. Só então seu companheiro lembrou-se de que o peixe tinha sumido. Ao ouvir isso, Moisés gritou: “Isso é exatamente o que estamos procurando!” Com pressa retraçaram seus passos até o local onde os rios se encontravam e onde o peixe tinha pulado.
Quando Moisés percebeu que tinham tomado a direção errada, imediatamente voltou. Não seguiu em frente na esperança de que pouparia tempo, mas reconheceu que seu caminho estava incorreto e mudou sua direção. Nessa vida muitos de nós escolhemos o caminho errado, mas ficamos com medo ou muito envergonhados de dar a volta e seguir em uma direção diferente. Existem grandes lições a serem tiradas das ações do profeta Moisés. Quando uma pessoa percebe que está indo na direção errada na vida, deve imediatamente dar a volta e seguir para a Senda Reta. Não deve considerar isso como uma derrota; ao contrário, é uma vitória.
Quando Moisés voltou para caminho certo, encontrou Khidr. Foi um encontro destinado a proporcionar conhecimento. Essa história momentosa do encontro de Moisés e Khidr é narrada no Alcorão no capítulo 18, A Caverna.
“E Moisés lhe disse: Posso seguir-te, para que me ensines a verdade que te foi revelada? Respondeu-lhe: Tu não serias capaz de ser paciente para estares comigo. Como poderias ser paciente em relação ao que não compreendes? Moisés disse: Se Deus quiser, achar-me-á paciente e não desobedecerei às tuas ordens. Respondeu-lhe: Então segue-me e não me perguntes nada, até que eu te faça menção disso. Então, ambos se puseram a andar, até embarcarem em um barco, que o desconhecido perfurou. Moisés lhe disse: perfuraste-o para afogar seus ocupantes? Sem dúvida que cometeste um ato insólito! Disse-lhe: Desculpa-me por me ter esquecido, mas não me imponhas uma condição demasiado difícil. E ambos se puseram a andar, até que encontraram um jovem, o qual (o companheiro de Moisés) matou. Disse-lhe então Moisés: Acabas de matar um inocente, sem que tenha causado morte a ninguém! Eis que cometeste uma ação inusitada. Retrucou-lhe: Não te disse que não poderás ser paciente comigo? Moisés lhe disse: Se da próxima vez voltar a perguntar algo, então não permitas que te acompanhe, e me desculpa. E ambos se puseram a andar, até que chegaram a uma cidade, onde pediram pousada aos seus moradores, os quais se negaram a hospedá-los. Nela, acharam um muro que estava a ponto de desmoronar e o desconhecido o restaurou. Moisés lhe disse então: Se quisesses, poderia exigir, recompensa por isso. Disse-lhe: Aqui nós nos separamos; porém, antes, inteirar-te-ei da interpretação, porque tu és demasiado impaciente para isso: Quanto ao barco, pertencia aos pobres pescadores do mar e achamos por bem avariá-lo, porque atrás dele vinha um rei que se apossava, pela força, de todas as embarcações. Quanto ao jovem, seus pais eram descrentes e temíamos que os induzisse à transgressão e à incredulidade. Quisemos que o seu Senhor os agraciasse, em troca, com outro puro e mais afetuoso. E quanto ao muro, pertencia a dois jovens órfãos da cidade, debaixo do qual havia um tesouro seu. Seu pai era virtuoso e teu Senhor tencionou que alcançassem a puberdade, para que pudessem tirar o seu tesouro. Isso é do beneplácito de teu Senhor. Não o fiz por minha própria vontade. Eis a explicação daquilo em relação ao qual não foste paciente.” (Alcorão 18: 66-82)
A história de Moisés e Khidr nos lembra que Deus é o Sapientíssimo. Porque para o frágil ser humano a vida pode conter grande alegria e gargalhadas, mas às vezes somos atingidos por tribulações, tragédias e calamidades que parecem não fazer sentido. Como crentes devemos acreditar que o que Deus decreta deriva de Sua sabedoria suprema e absoluta.